A progressiva maturação fisiológica do corpo é normalmente acompanhada pela súbita descoberta de novas relações e experiências, de ordem afetiva e sexual, muitas vezes geradoras de intensos conflitos. Estes sentimentos devem-se frequentemente a uma desarmonia entre o desenvolvimento corporal, sexual e mesmo intelectual e a aquisição de maturidade emocional.
Preocupada com a imagem corporal e o estabelecimento de relações cada vez mais projetadas para o exterior da família os adolescentes manifestam importantes carências informativas relativamente à sexualidade, contraceção e risco de gravidez.
A gravidez na adolescência é um fenómeno universal, e presente em todas as gerações, apesar do acesso cada vez mais intenso à informação. Contudo, se não for prevenida, continuará no futuro.
Mas, apesar das parcas estatísticas atualizadas, a incidência da gravidez na adolescência é variável consoante os países e as épocas.
A verdadeira incidência deste fenómeno é difícil de conhecer porque em termos estatísticos unicamente são contabilizadas as taxas de natalidade que, como sabemos, só representam uma pequena parte do número de gravidezes – por recorrerem a instituições de saúde.
Portugal é o segundo país da Europa Ocidental a registar maior número de grávidas adolescentes, muito embora na última década se verifique um certo decréscimo. Segundo dados apresentados informalmente, todos os dias doze adolescentes dão à luz em Portugal.
A gravidez na adolescência não é um fenómeno exclusivo de determinado grupo socio económico. Encontram-se grávidas adolescentes em todos os estratos sociais, contudo parece ser mais prevalente em estratos com determinadas caraterísticas.
Constituem fatores de risco o abandono escolar, o baixo nível de escolaridade dos adolescentes (e por vezes familiar) a ausência de planos futuros, e a repetição de modelo familiar (mãe também adolescente).
Dependendo do contexto social em que está inserida a/o adolescente, a gravidez pode ser encarada como um evento normal, não problemático, aceite dentro das suas normas e costumes.
No entanto, quando mal vigiada, pode estar associada a uma maior incidência da morbilidade materna e fetal podendo interferir negativamente no desenvolvimento pessoal e social, dos jovens envolvidos – tornando-se assim um problema de saúde pública.
As complicações mais associadas com a gravidez na adolescência são a pré-eclampsia, a anemia, as infeções, o parto pré-termo, as complicações no parto e puerpério e perturbações emocionais bem como as consequências associadas à decisão de abortar.
A maior incidência de recém-nascidos prematuros e de baixo peso ao nascer está relacionada com fatores biológicos (imaturidade e/ou peso inadequado da gestante e consecutivo filho) e fatores socioculturais como pobreza e estilos de vida incorretos ( face à situação de grávida) adotados pelos adolescentes.
Embora se acredite que o número de gravidezes na adolescência tenha diminuído na última década, torna-se necessária a promoção de programas que respeitem os direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes, contribuindo desta forma para a redução e sucessiva extinção do recurso ao aborto e a reincidência da gravidez nesta faixa etária.
No futuro que, começa hoje, agora, compete à Família, à Escola e às Instituições de Saúde contribuir para a formação de todos os adolescentes.