Por certo, alguns pensarão que o presente assunto é um pouco descabido: Meditar, Pensar em Gravidez na Adolescência, num período de tradições e de festas em família?
Precisamente por se tratar dum tema que envolve a família, permitam-me partilhar a minha preocupação de mãe e de professora:
Segundo a Lusa (numa notícia de 26 de setembro de 2010) 12 adolescentes por dia eram mães.
A Gravidez na adolescência era, nessa reportagem vista por muitas raparigas, como um projeto de vida, por falta de objetivos profissionais.
Será tal possível?????
Ser-se mãe/pai em virtude de não se encontrar saídas profissionais????
Parece que caímos nos extremos: ou se é mãe/pai cada vez mais cedo ou cada vez mais tarde!
Em breve retrospetiva, constatamos entre os jovens adolescentes a uma precocidade no início da atividade sexual, que acompanhada pela negligência do uso de contraceção e o crescente número de parceiros, (pois estão sempre apaixonados - PORQUE TENHO FILHOS ADOLESCENTES!), permite-nos inferir sobre a elevada prevalência de condutas sexuais com elevadíssimo risco de gravidez a que devemos acrescentar a crença de que Só acontece aos outros!!!!”
A adolescência é o momento mais relevante para o reconhecimento da sexualidade, para a aprendizagem do corpo e, muito frequentemente, para a precoce decisão sobre as potencialidades reprodutivas. O recente alargamento do atendimento pediátrico dos 15 para os 18 anos veio trazer novos desafios: a avaliação da saúde sexual dos adolescentes é uma componente essencial dos cuidados prestados a este grupo etário, atendendo ao risco substancial que os seus comportamentos sexuais representam para a sua saúde. Acresce-se o facto da atividade sexual durante a adolescência ter aumentado em todo o mundo, associando-se a um risco acrescido de ocorrência de gravidez neste grupo etário. A idade de início da atividade sexual e a percentagem de adolescentes que já tiveram relações sexuais varia de país para país, refletindo diferenças culturais, sociais, religiosas e educacionais.
Em Portugal, de acordo com o estudo Health Behaviour in School-aged Children 20102, 21.8% dos adolescentes que frequenta o 8º e 10ºanos de escolaridade são sexualmente ativos.
Todos os dias, 12 adolescentes dão à luz em Portugal. Idealizado como um projeto de vida, a maternidade transforma-se muitas vezes num "trampolim para a pobreza", alertam os especialistas. Os estudos sobre a caracterização das mães adolescentes portuguesas indicam que a grande maioria são raparigas oriundas de famílias carenciadas, que abandonaram a escola antes do tempo.
Em Portugal, a maternidade na adolescência é vista por especialistas como um "fenómeno cultural" relacionado com a falta de objetivos. "A maior parte tem informação sobre contracetivos e a gravidez na adolescência é um fenómeno cultural: há uma falta de objetivos profissionais e individuais e a gravidez vai surgir como um projeto de vida na ausência de outros. É isso que sucede em Portugal e que nos torna diferentes", diz Teresa Bombas, da Sociedade Portuguesa da Contraceção,
Não se sabe ao certo quantas adolescentes ficam grávidas. Os números oficiais revelam apenas quantas jovens decidem interromper a gravidez recorrendo aos serviços de saúde e quantas decidem ser mães. "Mais de 10% das interrupções voluntárias de gravidez ocorrem em adolescentes até aos 19 anos e quase 5% dos nascimentos são de jovens mães", segundo Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento Familiar (APF).
Em 2009, 4347 raparigas entre os 12 e os 19 anos decidiram levar a gravidez até ao final. Em 2008, o número de novas mães adolescentes foi mais alto (4844) e, em 2006, passou as 5500, segundo dados do INE. Os números mostram que esta é uma realidade que tem vindo a diminuir, apesar de ser um processo "muito lento".
Com a atual conjuntura económica e social é urgente agirmos junto dos nossos jovens e acelerar a inversão dos números das estatísticas sobre Mães/Pais Adolescentes.
(Fonte: Lusa)